A Universal Music, através da Philips, está relançando o álbum Gal Canta Caymmi, em uma edição especial em vinil azul translúcido. O disco é um tributo de Gal Costa ao grande compositor Dorival Caymmi lançado originalmente em abril de 1976 e que hoje está disponível na UMusic Store, plataforma de e-commerce da companhia, pelo valor de R$ 199,90.
O cristal e o calor da voz de Gal Costa, reluzente e incandescente, no auge, aos 30 anos, explorando, com dengo e charme modernos, o repertório imortal de um dos gigantes fundamentais da música brasileira. Um disco que mudou os rumos profissionais da cantora e amplificou seu alcance, o primeiro LP de sua carreira a vender mais de 100 mil cópias.
Gal canta Caymmi é tudo isso e muito mais. É expressão da potência máxima do que a MPB dos anos 1970 conseguia produzir, com o apoio de uma indústria fonográfica que buscava crescer sem abdicar dos ouvidos sensíveis e da ousadia artística.
Projeto concebido a partir de uma visão de Roberto Menescal (então diretor artístico da Philips), o álbum foi dirigido musicalmente pelo baiano Perinho Albuquerque, nome imprescindível na música popular brasileira dos anos 1970, produtor e colaborador em obras essenciais de Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso e artífice de obras-primas como Pérola Negra, de Luiz Melodia.
Gal canta Caymmi: os instrumentistas que trabalharam no álbum
Gal canta Caymmi, além de todos os luxos (instrumentistas como Antonio Adolfo, Dominguinhos, Chiquito Braga, Luizão Maia e o próprio Roberto Menescal), oferece arranjos preciosos de João Donato em quatro das dez canções. A primeira delas é a faixa de abertura, Vatapá, retrabalhada ritmicamente de forma irresistível — e hoje adotada pelas playlists mais descoladas dos DJ’s especializados em “brasilidades”.
A segunda é Nem Eu, com aquele acento abolerado donatiano “de autor”, sob medida para Gal Costa explorar uma elegância que raramente aflorava em seus trabalhos anteriores. Em roupagem ainda mais sofisticada, o samba-canção Só Louco rendeu à cantora o maior sucesso do disco, invadindo lares nacionais a partir da abertura da novela O Casarão, da TV Globo.
E ainda há uma Peguei um ‘Ita’ no Norte enriquecida de harmonia e balanço, toda propícia para Gal encantar com uma brejeirice surpreendente. Não por acaso, houve quem observasse que este oitavo LP da carreira estava lhe restituindo aquilo que Caetano Veloso chamou de “a pureza de seu canto”.
Ainda assim, uma Gal nada domesticada solta os bichos na segunda metade de Pescaria, se lançando por alturas surpreendentes e depois improvisando vocalises. Longe de ser um mero “banho de loja” mercadológico na musa da contracultura, Gal canta Caymmi tem espaço para a ousadia e a reinvenção, como se ouve em Dois de Fevereiro, São Salvador e O Vento (arranjadas por Perinho), com influências sutis do soul/funk que mandava nas paradas internacionais na primeira metade dos anos 1970.
Gal Canta Caymmi ficou meses no TOP 5 das paradas de sucesso nacionais, brigando com discos de trilha de novela e fenômenos do momento como Benito di Paula. Hoje, passado quase meio século, é um LP histórico, lotado de clássicos, em gravações de apelo popular instantâneo. É botar para girar, e querer sempre… um bocadinho mais.
Confira o conteúdo completo da reedição em vinil de Gal Canta Caymmi:
Lado A
1 – “Vatapá”
2 – “Festa de Rua”
3 – “Nem Eu”
4 – “Pescaria (Canoeiro)”
5 – “O Vento”
Lado B
1 -“Rainha do Mar”
2 – “Só Louco”
3 – “São Salvador”
4 – “Peguei um ‘Ita’ no Norte”
5 – “Dois de Fevereiro”