A Universal Music lançou neste ano, o antológico álbum Claridade, lançado em 1975 que rendeu à saudosa cantora Clara Nunes (1942-1983) sua consagração popular. Neste relançamento, o álbum ganha uma versão em vinil branco translúcido.
Graças ao seu enorme talento e à guinada estética-musical idealizada pelo radialista e produtor musical Adelzon Alves, a cantora mineira viu sua carreira progressivamente deslanchar no início da década de 1970, quando trocou boleros e um romantismo exacerbado pela cadência bonita do samba.
Embalado pelos versos de O mar serenou (Candeia), o álbum vendeu 600 mil cópias, algo inimaginável para um disco de samba, para uma cantora e, sobretudo, para um disco de samba de uma cantora.
O sincretismo religioso, traço que foi se tornando cada vez mais marcante na carreira e na vida de Clara, rendeu outro estrondoso sucesso, A deusa dos orixás, de Toninho Nascimento e Romildo Bastos, autores do hit anterior, Conto de areia.
Foto: Universal Music
O futuro clássico da música popular brasileira, Juízo final, ganhou sua mais bela versão. Graciosa, Clara ilumina Ninguém tem que achar ruim, samba amaxixado do pioneiro Ismael Silva, e ousa dando voz à malandragem carioca de Bafo de boca.
Da Portela, escola que soube recebê-la tão bem, vem Sofrimento de quem ama e Vai amor, além do tristíssimo O último bloco, outro samba de Candeia. As igualmente belas Valsa do realejo e Que sejas bem feliz (Cartola) também merecem destaque.
A expressiva e inédita vendagem de Claridade foi um marco na história da música popular brasileira, contribuindo para o reconhecimento das cantoras de samba.
Confira o conteúdo completo de Claridade de Clara Nunes:
Lado A
1 – O mar serenou (Candeia)
2 – Sofrimento de quem ama (Alberto Lonato)
3 – A deusa dos orixás (Toninho / Romildo)
4 – Juízo final (Élcio Soares / Nelson Cavaquinho)
5 – Tudo é ilusão (Anibal Silva / Eden Silva / Raul Moreno)
6 – Valsa do realejo (Paulo Cesar Pinheiro / Guinga)
Lado B
1 – Bafo de boca (Paulo Cesar Pinheiro / Joao Nogueira)
2 – O último bloco (Candeia)
3 – Ninguém tem que achar ruim (Ismael Silva)
4 – Às vezes faz bem chorar (Ivor Lancellotti)
5 – Vai amor (Walter Rosa / Monarco)
6 – Que sejas bem feliz (Cartola)